Tema 1 – nome do tema Projeto Pós-graduação Curso Enfermagem do trabalho Disciplina Toxicologia Tema Toxicologia e Sistema Respiratório Professor João Luiz Coelho Ribas Introdução Você conhece as doenças ocupacionais que afetam o sistema respiratório? Sabe de que forma o ambiente pode afetar a saúde do trabalhador? O sistema respiratório é um dos maiores sistemas em contato direto com ambiente externo. A poluição ocupacional e ambiental na forma de poeiras, fumos, vapores e gases tóxicos são grandes fatores de risco para o desenvolvimento de patologias respiratórias de origem ocupacional. Por isso, este tema tem como objetivo apresentar as doenças respiratórias ocupacionais prevalecentes no universo do trabalho e a melhor forma de evitá-las, ou pelo menos, amenizar seu aparecimento. Antes de darmos início aos nossos estudos, analise no vídeo 1 no material on-line os assuntos que serão abordados neste tema. Problematização Problemas respiratórios podem estar associados a fatores genéticos, doenças respiratórias prévias, especialmente na infância, e tabagismo. Esses fatores podem determinar a qualidade da função respiratória e atuar como decisivos no desenvolvimento de patologias respiratórias. Problemas ocupacionais respiratórios também são muito comuns e saber identificar e tratá-los é essencial. Como identificar doenças resultantes de ação toxicolológica no sistema 1 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
respiratório? Veja no vídeo no material on-line uma situação-problema que ilustra isso. Bons estudos! Toxicologia e Sistema Respiratório Analise no material on-line o que o professor João falará sobre os tipos de ação toxicológica que afetam o sistema respiratório. O sistema respiratório permite tanto a absorção quanto a deposição de elementos presentes no ambiente do trabalho. Associadas a essa questão estão a alta vascularização e a permeabilidade desse sistema, que facilitam o processo de adoecimento. A poluição do ar no ambiente do trabalho associa-se a uma extensa gama de doenças do trato respiratório, que podem afetar desde o nariz até o espaço pleural. Uma característica essencial do nosso sistema respiratório, é que ele possui muitos mecanismos, que são extremamente eficientes na filtração e no impedimento de geração de patologias respiratórias, decorrentes dos poluentes que ocorrem no ar. Nosso sistema respiratório possui, por exemplo, um sistema de filtração do nariz (pelos) e do trato respiratório superior (mucosa e cílios vibráteis) que impedem que partículas grandes entrem em contato com o organismo e atinjam os pulmões. Esse sistema, como dito, é muito eficiente e eficaz para partículas grandes, no entanto, as partículas menores são as mais comumente encontradas no ambiente de trabalho. Elas ultrapassam essas primeiras barreiras e chegam ao pulmão, onde podem ser absorvidas (dependendo da característica físico-química da molécula) ou podem causar danos localizados, que, em última análise, são piores do que as substâncias absorvidas. 2 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
Quando os pulmões estão expostos a concentrações elevadas de pós, vapores, fumos de cigarro e/ou poluentes da atmosfera, os mecanismos de filtração podem ficar sobrecarregados e sofrer danos. É aí justamente que mora o perigo: uma vez sofrido o dano, é provável que se desenvolva nos pulmões, além da patologia de base, diferentes tipos de bactérias e vírus. Isso pode agravar cada vez mais a condição do trabalhador e até mesmo, atrasar o diagnóstico correto da doença ocupacional. Em consequência desse atraso, haverá uma piora progressiva na qualidade de vida e de trabalho desse indivíduo. De forma geral, pessoas que realizam tarefas em locais cheios de pó, como mineiros de bauxita e carvão, engenhos de cana de açúcar, de amianto, indústria química e indústria farmacêutica têm maior possibilidade de contrair doenças respiratórias que trabalhadores de outras atividades. Existem alguns tipos de classificação de doenças pulmonares ocupacionais utilizadas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), elas se classificam em 5 grupos principais: Fonte: adaptado de http://www.oitbrasil.org.br/ Outra classificação amplamente aceita divide as doenças ocupacionais pulmonares em agudas e crônicas. Nessa classificação temos as seguintes doenças mais prevalentes: as agudas e as crônicas . 3 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
AGUDAS Trato respiratório alto Irritação/Inflamação de cavidades nasais e seios da face, faringe e laringe, por inalação de gases, partículas irritantes ou gases tóxicos. Trato respiratório baixo Asma ocupacional incluindo bissinose e síndrome de disfunção reativa das vias aéreas Doenças do parênquima Pneumonites por hipersensibilidade pulmonar Pneumonites tóxicas Doenças pleurais Derrame pleural CRÔNICAS Trato respiratório alto Úlcera do Septo Nasal Trato respiratório baixo Bronquite Crônica Ocupacional Enfisema Pulmonar Limitação Crônica ao Fluxo Aéreo Doença do parênquima Silicose pulmonar Asbestose Pneumoconiose dos Trabalhadores do Carvão Doenças pleurais Fibrose Pleural (em placa ou difusa) Carcinoma do trato Adenocarcinoma dos seios da face respiratório Carcinoma Broncogênico Mesotelioma 4 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
Ações das Substâncias Agressoras As substâncias agressoras presentes no ambiente do trabalho agem de forma decisiva na constituição de patologias ocupacionais respiratórias. Elas atuam no organismo de diferentes formas, de acordo com as suas dimensões e de suas propriedades químicas. Os agentes fortemente irritantes como, por exemplo, substâncias alcalinas, ácidos fortes e sais de cromo e arsênico, agem principalmente nas narinas e podem provocar inflamação crônica levando até à perfuração do septo nasal. Os cromatos, o níquel e as poeiras da madeira são conhecidos no meio do trabalho por causarem neoplasias das cavidades nasal e paranasais. Os gases e vapores, as fumaças irritantes e as poeiras pouco finas – 5 µm a 50 µm – atingem os brônquios, provocando bronquites crônicas no trabalhador exposto a essas substâncias. Já as substâncias proteicas e os compostos químicos sensibilizam a mucosa brônquica e potencialmente desenvolvem a asma ocupacional. Além disso, a exposição contínua a essas substâncias pode agravar gradativamente o quadro, levando à evolução do enfisema pulmonar e à insuficiência respiratória e cardíaca, caracterizada especialmente pelo aparecimento da cor pulmonale crônico. Os brônquios podem ainda ser agredidos por agentes cancerígenos, como os asbestos, os cromatos, os gases radioativos e os hidrocarbonetos policíclicos. Os compostos químicos irritantes e as poeiras de tamanho inferior a 5 µm alcançam os bronquíolos e provocam um processo inflamatório. Poeiras de diâmetro entre 0,5 µm e 5 µm , penetram nas paredes dos bronquíolos, vão até o interstício pulmonar, acumulam-se no tecido pulmonar, provocam alterações na estrutura e dão origem às pneumoconioses. Alguns silicatos fibrosos e longos , como o asbesto, tem a capacidade de penetrar no tecido pulmonar através dos alvéolos e provocar fibrose, que 5 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
devido a sua característica de poder invadir o pulmão. Ele pode chegar até a pleura, além de levar a um agravamento bastante importante, levando à neoplasia, chamada caracteristicamente de mesotelioma. Diferentemente, as exposições agudas a gases, vapores e fumaças irritantes podem provocar lesões em nível alveolar com edema pulmonar . Quando essa exposição, ao invés de aguda, é crônica, o que é bem mais comum no universo do trabalho, tem como característica o desenvolvimento de distúrbios na ventilação mecânica e nas trocas gasosas . Outros dois detalhes de importância nesse contexto de agressores pulmonares presentes no ambiente do trabalho são os antígenos 1 produzidos por fungos e alguns metais 2 como o berílio e o cobalto. Para você observar os principais agressores do aparelho respiratório e as doenças que provocam, observe a tabela abaixo: AGRESSORES DOENÇAS Inflamação crônica, perfuração Ácidos fortes, álcalis, sais de cromo e arsênico Neoplasias Cromatos, níquel carbônico e algumas madeiras Gases, vapores, fumaças irritantes Bronquites, infecções, sensibilização, e poeiras de 5 a 50 m enfisema pulmonar, insuficiência respiratória e cardíaca Proteínas e compostos químicos Câncer Bronquiolite Asbestos, cromatos, gases radioativos, hidrocarbonetos policíclicos Pneumoconiose Poeiras de tamanho inferior a 5 m, quartzo (sílica), carvão Antígenos de fungos, berílio, Alveolite alérgica extrínseca, fibrose cobalto pulmonar 1 Antígenos produzidos por fungos podem levar ao desenvolvimento de Alveolite alérgica extrínseca, que pode inevitavelmente evoluir para fibrose. 2 Metais como o berílio e o cobalto, podem gerar reações imunológicas bastante importantes do tipo retardado, com lesões que também podem evoluir para a fibrose. 6 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
Recommend
More recommend